Rosa Cruz

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Segundo a lenda constante nos referidos manifestos, a Ordem teria sido fundada por Christian Rosenkreuz, peregrino do século XV. No entanto, essa datação é discutível devido ao simbolismo e hermetismo do conteúdo dos manifestos, principalmente nos aspectos numéricos e nas concepções geométricas apresentadas.

De acordo com a narrativa exposta no documento "Fama Fraternitatis" (1614), Christian Rosenkreuz (de início apenas designado por "Irmão C.R.C."), nasceu em 1378 na Alemanha, junto ao rio Reno. Os seus pais teriam sido pessoas ilustres, mas sem grandes posses materiais. Sua educação começou aos quatro anos numa abadia onde aprendeu grego, latim, hebraico e magia. Em 1393, acompanhado de um monge, visitou Damasco, o Egito e o Marrocos, onde estudou com mestres do ocultismo, depois do falecimento de seu mestre, em Chipre. Após seu retorno à Alemanha, em 1407, teria fundado a Ordem Rosa Cruz (constituída por um pequeno grupo de não mais que oito pessoas), de acordo com os ensinamentos obtidos com os mestres árabes, que o teriam curado de uma doença, iniciando-o também no conhecimento das práticas do ocultismo. Teria passado, ainda, cinco anos na Espanha, onde três discípulos redigiram os textos iniciadores da sociedade. Depois, teriam formado a "Casa Sancti Spiritus" ("Casa do Espírito Santo"), onde, através da cura de doenças e do amparo daqueles que necessitavam de ajuda, foram desenvolvendo a confraria, que pretendia, no futuro, orientar os monarcas na boa condução dos destinos da humanidade. Segundo o texto "Fama Fraternitatis", C.R.C. morreu em 1484. Após sua morte, a ordem se extinguiu. A localização da sua tumba permaneceu desconhecida durante 120 anos até 1604, quando foi redescoberta, e então a Ordem Renasceu. Observe-se que "Christian Rosenkreuz" seria apenas um nome simbólico: Christian, de Cristo ou Christos ou Khrestos; Rosen ou Rosa, e Kreuz ou Cruz.

Uma outra lenda menos conhecida, foi veiculada pelo historiador maçónico E. J. Marconis de Negre - que, juntamente com seu pai, Gabriel M. Marconis é considerado o fundador do Rito de Memphis-Misraim da maçonaria. Com base em conjecturas anteriores (1784) de um estudioso rosa-cruz, o Barão de Westerode, a Rosa-cruz teria como origem uma sociedade secreta e altamente hierarquizada (ao contrário dos ideais da Fraternidade, expostos nos manifestos) do século XVIII da Europa Centralou oriental, denominada "Gold und Rosenkreuzer" (Rosa Cruz de Ouro), que teria tentado, sem sucesso, submeter a maçonaria ao seu poder. A Ordem Rosa-cruz teria sido criada no ano 46, quando um sábio gnóstico de Alexandria, de nome Ormo, e seis discípulos seus foram convertidos por Marcos, o evangelista. Seu símbolo, dizia-se, era uma cruz vermelha encimada por uma rosa, daí a designação de Rosa Cruz. A Ordem teria nascido, portanto, da fusão do cristianismo primitivocom a mitologia egípcia. Rosenkreuz teria sido, segundo essa versão, apenas um iniciado e, depois, Grande Mestre - não o fundador.

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De acordo com Maurice Magre (1877–1941), no seu livro Magicians, Seers, and Mystics, Rosenkreutz terá sido o último descendente da família Germelschausen, uma família alemã do século XIII. O seu castelo encontrava-se na Floresta da Turíngia, na fronteira de Hesse, e eles abraçavam as doutrinas Albigenses. Toda a família teria sido condenada à morte pelo Landgrave Conrad da Turíngia, excepto o filho mais novo, com cinco anos de idade. Ele teria sido levado secretamente por um monge, um adepto albigense do Languedoc, e colocado num mosteiro sob influência dos albigenses. Lá teria sido educado e viria a conhecer os quatro irmãos que mais tarde estariam a ele associados na fundação da Irmandade Rosacruz. A história de Magre deriva supostamente da tradição oral local.

A existência real de Christian Rosenkreuz divide certos grupos de Rosacrucianos. Alguns o aceitam, outros consideram Christian Rosenkreuz como um pseudónimo usado por personagens realmente históricos (Francis Bacon, por exemplo).

A primeira informação conhecida publicamente, acerca desta irmandade, encontra-se nos três documentos denominados "Manifestos Rosacruz", o primeiro dos quais (Fama Fraternitatis R. C., ou "Chamado da Fraternidade da Rosacruz") foi publicado em Kassel (Alemanha) em 1614 - ainda que cópias manuscritas do mesmo já circulassem desde 1611. Os outros dois documentos foram: Confessio Fraternitatis ("Confissões da Fraternidade Rosacruz") (1615), publicado também em Kassel, e Chymische Hockeit Christiani Rosenkreuz ("Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz") (1616), publicado na então cidade independente de Estrasburgo (anexada à França, em 1681).

Deve-se notar que no segundo manifesto Confessio Fraternitatis, de 1615, é feita a defesa da irmandade, exposta no primeiro manifesto em 1614, contra vozes que se levantavam da sociedade, colocando em causa a autenticidade e os reais motivos da Ordem Rosacruz. Nesse manifesto, podem-se encontrar as seguintes passagens que demonstram a linha condutora do pensamento da irmandade: que o requisito fundamental para alcançar o conhecimento secreto, de que a Ordem se faz conhecer como possuidora, é que "sejamos honestos para obter a compreensão e conhecimento da filosofia"; descrevendo-se simultaneamente como cristãos, "Que pensam vocês, queridas pessoas, e como parecem afetados, vendo que agora compreendem e sabem, que nós nos reconhecemos como professando verdadeira e sinceramente Cristo", não de um modo exotérico, "condenamos o Papa", e sim no verdadeiro sentido esotérico do cristianismo: "viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida Cristã". O modo como são expostos os temas nos manifestos originais e a descrição dos mesmos aponta para grande similaridade com o que é conhecido atualmente acerca da filosofia Pitagórica, principalmente na transmissão de conhecimentos e ideias através de aspectos numéricos e concepções geométricas.

A publicação dos manifestos provocou imensa excitação por toda a Europa. Foram feitas inúmeras reedições e circularam diversos panfletos relacionados com os textos, embora os divulgadores de tais panfletos pouco ou nada soubessem sobre as reais intenções do(s) autor(es) original(ais) dos textos, cuja identidade permaneceu desconhecida por muito tempo.

Em sua autobiografia, o teólogo Johannes Valentinus Andreae ou Johann Valentin Andreae (1586-1654), declarou que o terceiro manifesto rosa-cruz, "Núpcias Químicas", publicado anonimamente, era de sua autoria e posteriormente descreveu o texto como um ludibrium. É convicção de alguns autores que Andreae o teria escrito como se fosse o contraponto da Companhia de Jesus.[carece de fontes] No entanto, esta teoria foi posteriormente contestada por historiadores, principalmente os católicos, que consideravam os documentos como simples propaganda ocultista, de inspiração protestante, contra a influência do bispo de Roma.

Os manifestos mostravam a necessidade de reforma da sociedade humana, do ponto de vista cultural e religioso, e a forma de atingir esse objetivo através de uma sociedade secreta que promoveria essa mudança no mundo. O texto "Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz", contudo, foi escrito em forma de um romance pleno de simbolismo e descreve um episódio iniciático na vida de Christian Rosenkreuz, quando já tinha 81 anos.

Em Paris, em 1622 ou 1623, foram colocados cartazes misteriosos nas paredes, mas não se sabe ao certo quem foram os responsáveis por esse feito. Estes cartazes incluíam o texto: "Nós, os Deputados do Alto Colégio da Rosa-Cruz, fazemos a nossa estada, visível e invisível, nesta cidade (…)" e "Os pensamentos ligados ao desejo real daquele que busca irá guiar-nos a ele e ele a nós".

A sociedade europeia da época, dilacerada por guerras, tantas vezes originadas por causa da religião, favoreceu a propagação destas ideias que chegaram, em pouco tempo, até a Inglaterra e a Itália.


Simbolismo

O Emblema Rosacruz, embora com variações, apresenta-se sempre como uma cruz envolvida por uma coroa de rosas, ou com uma rosa ao centro da cruz. A rosa representa a espiritualidade, enquanto a cruz representa a matéria.

Outra faceta da Rosa-cruz mais conhecida é o 18º Grau (representando simbolicamente a 9ª Iniciação Menor), o grau de "Cavaleiro Rosa-Cruz", do "Capítulo da Rosa-Cruz" do "Rito Escocês Antigo e Aceito" da Franco-Maçonaria, que tem como símbolos principais o Pelicano, a Rosa e a Cruz.

Diversos livres pensadores defendem que o Rosacrucianismo não é mais do que uma Ordem constituída mas, uma corrente de pensamento, cuja filiação ocorre pela adoção de certas posturas de vida.
Rosa Cruz Rosa Cruz Reviewed by BMX on quinta-feira, agosto 16, 2018 Rating: 5
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